sexta-feira, 21 de maio de 2010

Lições sobre arte contemporânea

  1. Hélio Oiticica e Lygia Clark estão mortos, vivam com isso.
  2. Na pretensão de amplo alcance da arte contemporânea os regionalismos não são bem vindos. Desculpe ribeirinhos.
  3. Em nosso sistema de arte filiocentrico, é possível existir obra, exposição, evento ou algo do gênero que não venha impregnado com o clichê: "promover a reflexão"?
  4. No inicio era o verbo. Mesmo com tantas quebras de paradigma, a obsessão pelo texto e sua onipotência continuam. Face a fragilidade conceitual das obras, o texto aparece como a muleta que sustenta os trabalhos na contemporaneidade.
  5. É engraçado como o mundo da arte, tanto popular quanto contemporânea, tem a incrível habilidade de validar os discursos daqueles marginalizados pelos discursos no caso especifico os loucos. Entretanto é curioso pensar que essa atuação se restringe apenas à área poética, já na área de produção acadêmica a ordem do discurso se faz esmagadora, segregando os não iniciados.
  6. Apesar de ter sido anunciada sua morte no inicio do século XIX, deus se faz presente nos corações dos artistas contemporâneos, seja no daqueles utópicos que dão sua carne e sangue pela esperança de um mundo melhor, ou naqueles engajados na promoção dos valores religiosos travestidos (gentileza gera gentileza) como modo de vida.
  7. Se seu trabalho é "interativo" faça com que a participação do espectador seja efetiva ao desenvolvimento da proposta do trabalho, não faça da ação do espectador um mero exercício de recombinação das partes sem relevância ao conjunto da obra.
  8. É curioso pensar que o meio de arte contemporâneo adora uma "subversão", seja nos ambientes ou mesmo nas "atitudes" entretanto é apenas temporário, pois, ao saírem do modo SOCIAL, os integrantes voltam para seus mundinhos ascéticos livres de toda e qualquer ameaça aos valores que edificam o sistema da arte.
  9. Só porque seu trabalho apodrece não quer dizer que ele seja processual.
  10. Mesmo com tantos eventos e seminários dispostos a "promover a reflexão" parece que toda discussão artística tende a cair em um reducionismo subjetivo estático.
  11. Pegue o lixo dos seus amigos, junte tudo sobre uma folha de papel, e exponha como "mémoria subjetiva coletiva", voilà: temos uma obra de arte genuinamente contemporânea.
  12. Quanto mais o mundo da arte se retém na subjetividade universal do conceito de arte, mais se isola dos aspectos potentes da concretude de suas formas.
  13. A arte esta intimamente ligada ao discurso, a produção de uma arte livre da retórica e pura é uma utopia.
  14. Quando todas as manifestações das artes visuais pareciam esvaziadas e desgastadas eis que surge a linguagem. Jogos de linguagem equivocados, apropriações mediócres e construções aleatórias deram uma nova cara as artes visuais, mais um instrumento para compor o "tudo pode" contemporâneo.
  15. Se optar por se utilizar da linguagem ou dos fundamentos da arte contemporânea em seu trabalho, faça uma investigação séria e concisa sobre como o humano se utiliza dela para expressar,  compor e definir conceitos e tantas outras coisas do mundo, não fique restrito a jogos de palavras mediocres que se resumem à adição e retirada de prefixos e sufixos.
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