- Arte popular é algo feito por semi-analfabetos, ou intelectuais frustrados e nostálgicos, para satisfazerem seus desejos egocêntricos, que giram em torno da própria vaidade em demonstrar conhecimento sobre a poética do amiguinho de categoria inferior o qual ele faz o favor de "mostrar ao... mundo o belo trabalho dele" claro que sob o aval e sob as glórias de tê-lo "descoberto".
- Tanto os trabalhos quanto as poéticas não se modificam com o tempo (ponto pro Parmênides), os curadores sempre escolhem o que há de mais antigo, retrógrado e conservador nos seus acervos para mostrar "a contemporaneidade da arte popular".
- Se for a uma exposição de arte popular e sentir um forte clima de "bom selvagem" (coitado do Rousseau) saiba que não é impressão sua, os curadores adoram esses tipos de sentimento, resultado de seu comodismo intelectual e resistência a novas expressões e processos na arte popular.
- Em terra de antropólogo é carnaval o ano inteiro.
- Os trabalhos de arte popular não falam por si próprios, eles sempre devem ser expostos junto a toneladas de texto que vão servir tanto para dar uma cara mais "elegante" a exposição quanto para servir, de fato, como material exposto, visto que os objetos não podem ser coisas-em-si, e sim imagens a ilustrar teorias referenciadas nas mais diversas áreas do conhecimento da academia.
- Seguindo a ordem do discurso (arrasou Foulcalt) os objetos de arte popular expostos precisam de fundamentação de áreas do conhecimento legitimadas (true makers) como detentoras de verdade. Nunca pode se pensar neles sem isso.
- Qualquer semelhança entre um colecionador de arte popular e um colonialista europeu do século XIX não é mera coincidência.
- Arte tem o incrível potencial de suscitar perceptos e de mover afectos, o mais interessante é que tudo o que eu ouço de comentários sobre arte popular é uma redução conceitual sistemática ao superficial "que bonito!".
- É curioso observar como os curadores populares atacam os curadores contemporâneos por vampirizar as poéticas dos amiguinhos, a exemplo do bispo do Rosário, entretanto os curadores populares fazem o mesmo. O único diferencial é que os contemporâneos são mais explícitos no quesito que os move... dinheiro, os populares travestem esse desejo de forma mais sutil.
- Se os objetos de arte popular só significam no seio de onde são concebidos, a simples transposição do mesmo para uma exposição fora deste seio só pode significar uma coisa, ou os objetos são artigos de fetiche ou símbolos de vaidade intelectual.
- Deus abençoe a santa tríade da arte popular: natureza, religião e trabalho. Em nenhum momento esses elementos podem faltar.
Outro título para este blog poderia ser: O martelo no cubo branco - mas poucos entenderiam. Mercado e pregão de arte, coleções, espólios e falências fazendo girar a roda das vaidades e fortuna.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Lições sobre arte popular
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